A Barricada no Teatro Cidade Livre

O Teatro Cidade Livre convida a comunidade para mais um espetáculo! No dia 08 de agosto (sábado, agora), receberemos em nosso palco o espetáculo: A Barricada.

Um cantor e um ator amadores, de uma cidade do interior de Goiás viajam para o Rio de Janeiro em busca de oportunidades para suas carreiras artísticas. Sobem o morro com um endereço nas mãos: a morada de um conterrâneo, há muito saído da província, um escritor que, segundo se falava na cidadezinha de onde vinham, era artista de grande prestígio e enorme sucesso na Cidade Maravilhosa. Este é o pretexto para que o autor da peça A BARRICADA , Hugo Zorzetti, analise o imperialismo cultural capitaneado pelo eixo São Paulo/Rio de Janeiro. Com diálogos frios e cortantes e um humor que beira à crueldade e à escatologia cultural. A peça, que fez grande sucesso dentro e fora de Goiás, volta praticamente com o mesmo elenco da temporada iniciada em 1977 e se encerrou em 1985. Mauri de Castro, Ilson Araújo da montagem dos anos 70 e 80 integram o elenco desta nova montagem. Wesley Martins é o mais novo integrante do elenco da peça que tem Pedro Lippi como cenógrafo e a direção do próprio autor, Hugo Zorzetti.

Um breve histórico da peça:

Em outubro de 1977, o Teatro Exercício estreava em Brasília a peça A BARRICADA em plena ditadura. Como sempre fazia, o grupo tinha dois textos: um que submetia à censura e outro que encenava para o público. Esse, contendo tudo que certamente seria vetado pelos censores. Fala Ilson Araújo, que integrava o elenco na época, sobre a estreia em Brasília: “No dia seguinte à nossa apresentação no Teatro Galpão, levamos um susto que quase nos levou a cancelar as apresentações agendadas para os dias seguintes e sumir do mapa por algum tempo: todos os jornais da cidade estampavam análises da peça. Alguns traziam como chamada, justamente aquilo que suprimimos no texto enviado à censura. Um deles, o Jornal de Brasília, além de fotos provocativas tiradas do espetáculo, transcrevia grandes trechos dos diálogos” As metáforas foram uma a uma decodificadas e reforçadas com análise e opiniões sobre o conteúdo político da peça que foi recebida como um dos melhores espetáculos encenados na Capital do Brasil. Mauri de Castro, que também integrava o elenco da peça à época fala sobre o estado psicológico dos atores: “Já tínhamos experimentado em trabalhos anteriores, a interdição de espetáculos por policiais, e depois chamados a prestar conta na sede da polícia federal, ali perto da Faculdade de Medicina, no Setor Universitário. A segunda apresentação foi agoniada e tensa. Todos os espectadores que entravam no teatro depois de iniciada a peça, nos provocavam um susto aterrador. É agora. Agora é esse! Mas, para grata surpresa nossa ninguém subiu ao palco com um mandado de interdição tirado de dentro do paletó, nos três dias de apresentação no Teatro Galpão de Brasília, justamente na cidade onde estavam plantados os censores impiedosos e suas tesouras afiadas.